domingo, 18 de janeiro de 2009

O doce veneno do... silogismo!

Segundo a Wikipedia, silogismo (do grego antigo, "conexão de ideias", "raciocínio") é um termo filosófico com o qual Aristóteles designou a argumentação lógica perfeita, constituída de três proposições declarativas que se conectam de tal modo que a partir das duas primeiras, chamadas premissas, é possível deduzir uma conclusão. Um exemplo clássico de silogismo é o seguinte:

Todo homem é mortal.
Sócrates é um homem.
Logo, Sócrates é mortal.

Quando Aristóteles apresentou a teoria do silogismo, já tinha previsto que, como a conclusão é claramente dependente das premissas, a coisa tinha vocação para boas piadas. Por isso, tratou logo de delimitar oito regras para que o silogismo seja válido. Uma delas é que "de duas premissas particulares, nada se conclui". Não observando as regras do silogismo (basta seguir o link e ter alguma paciência para ler boa parte do artigo), podemos chegar a conclusões visivelmente absurdas - e ocasionalmente engraçadas. Por exemplo:

O amor é cego.
Deus é amor.
Logo, Deus é cego.

Tomando essa conclusão como premissa de um novo silogismo:

Deus é cego.
Stevie Wonder é cego.
Logo, Stevie Wonder é Deus.

Em outras palavras, partindo-se de premissas inválidas pode-se concluir qualquer coisa. Mas, em geral, a conclusão será um equívoco. Por outro lado, se de duas observações particulares não pudesse surgir uma regra universal, não haveria ciência... Esse é o princípio da indução, também obra do criador do pensamento lógico - mas deixemos isso para uma outra oportunidade.

Milhares de anos depois das ideias de Aristóteles serem divulgadas, acessei, por influência de um amigo, um site que achei muito interessante: o Akinator, o Gênio da Internet. Esse sim é um silogismo melhor até que o agregado José Dias! A proposta do "gênio" é "adivinhar" em que pessoa você está pensando por meio de, no máximo, vinte perguntas. Pode até ser que o personagem no qual você esteja pensando nem exista de verdade. E o "cara" é bom: quando o personagem é famoso, coloca até a foto do sujeito! Algumas de suas vitórias sobre mim: Erwin Schrödinger (físico austríaco, um dos pais da Mecânica Quântica), Rubens Barrichello (a última pergunta foi: "o seu personagem fica sempre em 2º plano?"), Paris Hilton (bastaram 12 perguntas), Mark Knopfler (ex-"dono" do Dire Straits, famoso por seus solos de guitarra e suas roupas "limbo da moda"), Irineu Evangelista de Sousa (visconde de Mauá, provavelmente o maior empresário que o Brasil já conheceu), ninguém (respondi "não" para quase todas as perguntas), Honoré de Balzac (escritor francês, autor de A Comédia Humana), Bruna Surfistinha (não é a toa que este texto tem esse título...), Dodi (personagem de "A Favorita") e o que me deixou mais abismado: Carlos Alberto Bejani (com foto e tudo!). O segredo para vencê-lo é pensar em pessoas ou personagens pouco conhecidos. Por exemplo: ele quase sempre erra quando a personagem em questão é Hilda de Polaris (personagem da série Os Cavaleiros do Zodíaco) e praticamente desconhece Georgia "George" Lass, personagem principal do (extinto e bem pouco conhecido) seriado Dead Like Me - A morte lhe cai bem. A falha acontece porque o Akinator se baseia num enorme banco de dados. Ele faz uma comparação entre as suas respostas (formadoras de suas premissas) e as respostas que seriam esperadas para aquela pergunta. Tolera até uns três erros. E o que é pior para ele: ainda não sabe que resposta esperar para algumas perguntas. Por exemplo, no caso da Georgia Lass, ele errou porque ainda não constava em seu banco de dados a resposta para a pergunta "seu personagem tem pernas?". Com uma ou outra resposta diferente do esperado e algumas indecisões, ele não consegue levantar as premissas necessárias para descobrir seu personagem, leva o jogo até a vigésima pergunta e arrisca a pessoa que melhor se enquadrou naquele conjunto de características. Achei o site bem interessante. Bom para perder alguns minutos...

Ah, não adianta pensar em seus familiares, amigos, professores ou pessoas desconhecidas da mídia - ele acerta do mesmo jeito!