sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

"Quem não cola..." (21/12/04)

Eu não sei se deveria escrever este texto. Talvez não seja uma boa idéia... Talvez ele só desperte o interesse de fiéis (proprietários ou não) da Igreja Universal. Em todo caso...
Ontem, tive prova de Mineralogia. A terrível Mineralogia! De longe, a pior disciplina do curso de Química. Não há como ter algo pior que Mineralogia! Não há como existir um professor que se pareça mais com uma múmia do que o Sebastião! Absolutamente não há.
O problema da Mineralogia é as provas. Não há como um ser humano normal fazer as provas do Sebastião da maneira como elas deveriam ser feitas. Tirar cem? - impossível! Por quê? Simples: o Sebastião é irredutível, o tipo de professor que pede a definição de um conceito e não aceita uma resposta que não seja exatamente igual àquela dada em aula, sem tirar nem pôr. O que deixa os alunos com apenas duas maneiras de ir bem na prova: decorar ou colar. Como colar não é lícito, o aluno é obrigado a decorar todos os conceitos - que são muitos. Além disso, é uma disciplina oferecida para o curso de Química, no qual os alunos aprendem a entender o conteúdo, não decorá-lo. É uma questão do método do professor não estar em acordo com a filosofia do curso. Então, como explicar as notas maravilhosas que vários alunos obtiveram em períodos anteriores?
Certa vez, durante uma das aulas depois da primeira prova, uma de minhas colegas de sala acabou, sem querer, se entregando quanto à cola. Vítima da perversidade? Sim, um claro exemplo. Poderia mesmo dizer que idêntico ao narrado por Edgar Allan Poe em seu conto "O demônio da perversidade". E ontem, várias pessoas foram vítimas da perversidade do Sebastião...
Começa a prova. Alguns conceitos, algumas coisas que deviam ser decoradas, alguns exercícios de cálculo (poucos e idênticos aos de uma das listas) e um monte de gente com cola preparada. Antes da prova, pedimos para que a mesma fosse de consulta - há relatos que o Sebastião já deu provas assim. Pedido negado... No entanto, estava mais do que claro que a intenção da turma era fazer uma prova de consulta - ainda que não oficialmente...
Comecei minha prova por um exercício de cálculo. Simples, mas nem tanto. Depois, passei a uma questão de conceitos: as definições de intemperismo, diagênese e metamorfismo. Tinha comentado com uma amiga, instantes antes do início da prova, que era bastante provável que tais conceitos fossem cobrados. E assim, anotei-os nas costas de minha calculadora - a lápis! Como a calculadora era escura, mal dava para eu ler o que estava escrito - além de ser facílimo apagar... Pois bem, tinha apenas essa questão inteira na cola. Por sinal, era a primeira - e única - vez em que estava usando cola na universidade! E somente estava fazendo isso porque, com a louca decisão da UFJF de acabar com a prova final, estava seriamente ameaçado de ser reprovado em tão "ridícula" disciplina - imagine: passar com 89 em Quântica e ser reprovado em Mineralogia! Justo eu, que repudio quem se usa de método tão pouco honesto, estava colando na prova... Não estava sendo eu mesmo.
Mas acontece que eu não sei colar. E assim, me sentei de frente para o professor, só que na segunda fileira. Seria facílimo ele levantar os olhos dos papéis sobre a mesa e me pegar olhando muito sugestivamente para o verso de minha calculadora, que não devia ter nada de interessante. Estava acabando de escrever o último conceito. Sebastião se levantou com cara de desconfiado. Andou pela turma e parou ao meu lado, de onde começou a olhar minha prova, sem sequer se dar ao trabalho de despistar. A calculadora, prova cabal de minha culpa, no meu colo, ainda virada de costas, com a cola voltada para mim. O Sebastião olhando... Comecei a, lentamente, abrir as pernas e deixar a calculadora escorregar por entre elas, na tentativa desesperada de esconder o verso incriminador. E então, subitamente incomodado, olhei para Sebastião. Encarei-o de baixo para cima. Ele perguntou se estava tudo bem. O que dizer? Respondi na afirmativa. Ele começou a andar pela turma. Terminei de escrever o último conceito e logo passei a outra questão de cálculo, usando a capa da calculadora para esconder o verso da mesma. Não tive coragem de tentar apagar o que estava escrito lá. Alguma coisa me dizia que os olhos de Sebastião agora estavam pregados em minhas costas, atentos a qualquer movimento suspeito meu. Tive a nítida impressão de que ele nunca tinha ido com a minha cara, desde o primeiro dia de aula. E então, Sebastião volta à frente da sala e diz que sabia que algumas pessoas estavam de posse de material não permitido para a realização da prova (ou seja, cola); diz que isso o obrigará a corrigir certas provas com mais rigor, caso tais pessoas não entregassem o material a ele. Senti que ele estava falando aquilo para mim. Logicamente, eu sabia que muitas outras pessoas estavam com cola. Mas pela primeira vez, a conhecida frase - agora dita pelo improvável Sebastião - também se aplicava a mim. Era uma sensação horrível. Senti-me sujo, com nojo de mim mesmo. E na mesma hora tive o ímpeto de entregar a calculadora. Mas então me lembrei que ainda tinha mais uma questão de cálculo para fazer e que precisava dela, ainda que não do verso. Mas estava decidido: eu confessaria minha culpa.
Momentos depois, a colega que já tinha "se entregado" da outra vez se levantou com alguns papéis na mão e, com um sorriso insano e desesperado no rosto, os entregou a Sebastião. Ela tinha se entregado. Seguindo o exemplo da amiga, outra colega aproveitou a deixa e fez a mesma coisa - entregando uma tira de papel tão fina e pequena que eu nunca teria visto. E Sebastião, ao receber os papéis, diz ameaçadoramente: "E ainda tem mais gente...". Tive a impressão de que ele poderia estar "jogando verde", mas eu sabia que ele sabia que eu estava com cola. E também sabia que mais pessoas estavam com cola - ele deveria saber disso também.
Continuei fazendo minha prova. Estava na última questão de cálculo. O então presidente do DA resolveu se confessar também: entregou um maço de folhas dobradas ao Sebastião, que mais uma vez reforçou a lição de moral.
Terminei a última questão de cálculo. Nada mais me impedia de entregar a calculadora. Mas não a entreguei... Larguei-a, com nojo e medo, na cadeira vazia a meu lado. O verso incriminador, evidentemente, virado para baixo, escondido. Vivi momentos terríveis a partir de então. Sim, eu soube como o personagem de Poe se sentiu... Senti uma incontrolável vontade de me acusar, de acabar com aquilo de uma vez. Mas então tive a impressão de que, apesar de tudo, estava em segurança - quem sabe o Sebastião, no fim das contas, não tinha visto nada e tinha sido um mero acaso ele ter parado ao meu lado? Metade de mim achava que tinha sido um acaso, e a outra metade levantava provas e mais provas de que não tinha sido mero acaso. E assim, fui fazendo a prova. Pouco a pouco, fui me controlando melhor. Não que tenha ficado calmo, mas mais próximo do pleno autocontrole novamente. Vivendo esse conflito interior, respondi a algumas questões da prova. Nenhuma certeza. De nada. De nada.
E quando faltava apenas uma questão para responder, tomei uma decisão. Se eu terminasse a prova e mostrasse a calculadora para Sebastião, ele poderia pensar que eu teria feito toda a prova com ajuda da cola (o que não era verdade). Por outro lado, se eu a entregasse naquele momento, quando já não precisava mais dela, ele poderia analisar a cola e ver que só a poderia ter usado em uma questão e meia. Um colega o chamou para tirar uma dúvida. Então, enchendo-me de coragem (ou loucura, pois era um caso em que era difícil fazer a distinção), levantei o braço. Sebastião novamente parou ao meu lado, agora aparentemente esperando que eu lhe perguntasse algo sobre a prova. Mas o mal estava feito. Naquele instante, percebi que minha confissão, agora irremediável, era inútil! Ele nunca tinha percebido que eu estava colando! Talvez tivesse passado por sua cabeça, sim; mas ele não tinha visto nenhum papel comigo! Sem graça (e sem a malícia de inventar uma pergunta qualquer na hora), mostrei a calculadora a Sebastião, que perguntou se eu estava querendo emprestá-la a alguém. Neguei e me entreguei. Ele não ouviu e perguntou se eu estava dando a calculadora para ele. Nem me ocorreu que o tipo de cola que estava usando devia ser sofisticado demais para um sujeito que dava aulas com transparências "artesanais" (plástico transparente escrito à mão, com pedaços de papelão para fazer as bordas) e, eventualmente, um tripé! - tudo isso na era dos laptops, datashows e humildes pointers... Novamente vítima da perversidade, cuspi toda a história.
Para o ser humano, nada é mais autodestrutivo que a confissão. Nada. Porém, nada há que seja mais edificante também. No momento de minha confissão, me senti honesto novamente. Enfim tinha voltado a ser o homem que sempre fui.
Mas aí a situação tinha mudado. Antes eu tinha a (falsa) certeza de que teria minha prova corrigida com rigor porque Sebastião sabia que eu estava colando. Agora, então, eu tinha a certeza de que teria minha prova corrigida com mais rigor porque contei a Sebastião que estava colando. Tudo bem que agora eu tinha a honestidade a meu favor, mas, com certeza, não mais poderia tirar cem naquela prova. No muito, noventa. E eu precisava de nota. No dia seguinte, vi que tinha tirado 62 na prova e passei com 69 de média. Nunca mais quero (o tempo verbal aqui é um eterno presente mesmo) ver o Sebastião - ele é a imagem viva(?) da minha culpa.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Rafael x Felipe - num dia qualquer

- Todo mundo tem a capacidade de analisar coisas. "Vem de fábrica" no ser humano... Mas só vai aflorar e se transformar em algo realmente útil nas pessoas com propensão a exercitar o cérebro.
- Em outras palavras: só pode ser detetive quem estiver disposto a ser detetive. É isso?
- Exatamente isso, meu caro Rafael.
- Mas, de certo, você concorda que isso tem o seu preço. Não sei se o que vou falar é correto... Admito francamente que talvez não tenha essa "capacidade analítica" em nível elevado o suficiente para argumentar sobre o caso... Mas me parece, caro Felipe, que há um ônus em exercitar a mente. Você certamente conhece a famosa "lei do uso e do desuso", não conhece? Sinceramente, nunca vi razão alguma para essa lei não ser aplicável, também, ao cérebro. Notoriamente, quanto mais você se dedica a pensar, mais hábil fica nisso. Isso se chama experiência. Você já leu O retrato de Dorian Gray? Não? Pois deveria! É um livro assustadoramente bom! Bem, na verdade, o Dorian Gray é um mala-sem-alça e é um amigo dele que "salva" o livro, mas isso não importa. O que importa é a sagacidade de Oscar Wilde ao propor uma troca fantástica: logo no começo do livro, um amigo de Dorian Gray lhe pinta um retrato seu. Daí ser "o retrato de Dorian Gray"... Mas mais importante que isso é que Dorian Gray era um homem muito, muito bonito... Tá, eu sei que você acha tudo isso uma grande viadagem, mas ouça! Não era um retrato comum. Sobre ele, pairava um feitiço. Tá, eu sei que você não acredita nessas coisas, mas ouça porque o importante é a idéia! O retrato de Dorian Gray ficou absolutamente perfeito e havia uma razão para isso. E a razão era que, de certa forma, o retrato era Dorian Gray... Quer dizer, o homem e o retrato partilhavam uma relação única, mágica. Sabe aquela expressão "vão-se os dedos; ficam os anéis"? Não é o que acontece com a gente quando vê uma foto da nossa infância? Ou então quando ficamos velhos... É a mesma coisa! A nossa juventude é roubada pelo tempo, mas a juventude de uma figura num retrato, não... Imagine, então, como seria interessante se o retrato tivesse vida... Se o retrato pudesse ver, andar, pensar... Seria um ser imortal! E é exatamente isso que acontece no livro. Dorian conserva sua juventude enquanto o retrato envelhece em seu lugar! Assim, Dorian se torna imortal. Bem, só li até aí. Mas pense nas possibilidades de ser imortal. Não tendo mais que se preocupar com o tempo, você pode, simplesmente, "virar uma biblioteca". Essa eu tenho certeza que você conhece: a música do Raul Seixas que se chama "Eu nasci há 10000 anos atrás". Um pedaço do refrão é "e não há nada nesse mundo que eu não saiba demais". É essa a questão, Felipe: saber! Certa vez, um filósofo inglês chamado Francis Bacon disse: "Saber é poder". Quando se está livre do tempo, você se torna mais e mais poderoso à medida que adquire conhecimento, experiência. A gente tem um vislumbre disso mesmo em nossas curtas vidas. Quantas vezes você já resolveu um caso "por comparação" com outro? Aposto que algumas... Sabe, as pessoas "pensam igual" em alguns pontos fundamentais... A gente vai ficando mais maduro com o tempo e começa a fazer nosso trabalho com mais destreza, "percorrendo os atalhos", por assim dizer. E se o seu trabalho é pensar, descobrir, então eu acho que quanto mais se dedica a isso, mais viciado você fica em desvendar tudo o que lhe dá a mínima sensação de mistério. Estou certo?
- Nem tanto, Rafael. Sabe, às vezes a gente cansa...
- Pois é... Não somos imortais como o Dorian...
- Mas não dá pra negar que o que você disse sobre a experiência nos tornar mais ágeis é verdade.
- Sim, isso eu já sabia. Mas a minha questão, no fundo, é a seguinte: eu acho que todo detetive deve, antes de ser um bom analisador, ser um excelente observador. Porque, afinal de contas, como ele vai analisar se não consegue ver, não é mesmo?
- Desculpe te interromper, Rafael, mas tem jeito sim. A Virgínia é a pessoa pra te falar sobre isso. Mas devo dizer que essa habilidade de analisar sem ver só é possível para quem tem muita experiência.
- Sim, a Virgínia é excepcional mesmo... Mas, enfim, o que eu queria dizer é que você precisa estar atento para o que está acontecendo. Sabe, ver as coisas... Ou melhor, reparar nelas. Você já viu O Fabuloso Destino de Amélie Poulain?
- Não.
- Jura? Em que planeta você vive, Felipe? Depois me lembre de te emprestar esse filme... Talvez você não goste muito, mas tenho certeza que a Virgínia vai amar. Ela vai se identificar muito com a Amélie... Bem, o importante é que a Amélie Poulain diz que gosta de reparar em pequenos detalhes que ninguém mais vê. Sabe, uma coisa que chamaria a atenção dela seria se ela estivesse assistindo a um filme e de repente aparecesse uma mosca voando na tela. Não, não no cinema, mas no filme. Seria um pequeno defeito do filme: enquanto a cena era filmada, uma minúscula mosca resolveu dar uma de atriz... Sendo muito pequenininha, passou despercebida a toda equipe de produção e foi parar na telona sem ao menos receber algum crédito... Mas mesmo uma mosquinha de nada fica grande o suficiente para ser vista numa tela de cinema... O caso é que como a nossa atenção está desviada para a ação, para as personagens, para a história, a gente nem repara naquela pequena mosca fazendo uma pontinha. Enfim, há certas pessoas com essa capacidade de reparar em pequenos detalhes extremamente apurada. E isso dá uma outra visão de mundo para elas...
- Você é uma dessas pessoas, certo?
- Creio que sim... Lógico que um monte de coisa me passa despercebida num primeiro momento. Mas se tenho a oportunidade de olhar novamente... É difícil eu não encontrar algo curioso e até meio poético!
- Poético?
- É, poético, por assim dizer.
- Como o quê?
- Quer ver, hoje mesmo me aconteceu uma coisa dessas. Você sabe que eu tenho um blog, não sabe? Então, uma coisa que eu tenho pensado em fazer é "me tirar" do blog, parar de falar de mim. É meio difícil e até um pouco sem sentido se você considerar que a coisa chama "Jarro de memórias"... Mas, enfim, estou pensando em escrever crônicas sobre o que tenho visto na rua. Tudo bem que é exatamente isso que tenho feito, mas queria fazer de uma forma diferente. Até agora, tenho sido, salvo raras exceções que não foram percebidas pelos meus poucos leitores, personagem das minhas crônicas. E não quero mais isso. Acho que me exponho demais procedendo assim... Quero simplesmente testemunhar uma cena qualquer e descrevê-la artisticamente, como quem pinta um quadro. E de preferência, impressionista. Hoje eu estava descendo o Morro da Glória, indo para a Cultura Inglesa. Estava passando em frente a uma lanchonete quando a moça jogou água no chão para lavar o piso. Só que a água escorreu para a calçada e foi correndo em direção à rua. Bacana foi como ela fez isso. A água não chegou até a calçada como uma onda, mas em pequenas ondinhas, e foi se espalhando de forma desigual... Em algumas regiões, formava um pequeno "rio", uma protuberância da poça maior. Não sei porque, mas aquilo me lembrou cobras rastejando. E logo pensei em como descreveria aquela cena no blog: e a água se espalhou pela calçada feito serpentes na areia quente.
- É, tem um quê de poesia...
- Você já leu Hemingway? Não? Tá, tudo bem, eu também não... Mas você já viu o filme Cidade dos Anjos?
- Você sabe que detesto esses filmes melosos...
- Eu também não sou muito chegado... Vi só um pedaço, há muito tempo, porque coloquei num canal de TV a cabo e estava passando. Daí, como parecia ser o filme mais comum de se encontrar nos perfis das mulheres que eu conhecia, fiquei vendo. Além do que, a música-tema do filme é "Iris", do Goo Goo Dolls. Nem é tão boa assim, mas chama "Iris". E você sabe que eu tenho a maior queda por esse nome... É o nome que daria a minha filha se algum dia fosse ser pai.
- Nada te impede de ser pai.
- Não é recomendável depois da quimioterapia do transplante.
- Adote.
- É, confesso que já pensei nessa possibilidade. Mas só vou me arriscar a isso depois de estar devidamente casado.
- Entendo, mas sobre o filme...
- Ah, sim, é um filme sobre um anjo (o Nicholas Cage) que vem à Terra para ajudar uma médica (a Meg Ryan). O filme é ruim, mas tem um pedaço que fiz questão de não varrer da memória, um pedaço em que os dois estão em uma biblioteca e o Nicholas Cage pega um livro do Ernest Hemingway e chama a atenção dela para a forma como o Hemingway descrevia as coisas. Ele tinha uma preocupação toda especial em descrever o gosto das coisas, o formato das coisas. Era minucioso. O tipo de cara que esqueceria a Marilyn Monroe se visse uma mosca voando do outro lado da tela... Bem, o importante é que o Hemingway era um cara que abusava dos adjetivos. E isso é uma coisa que eu tenho a maior dificuldade de fazer! Se você gravasse essa nossa conversa e depois a visse transcrita, poderia perceber que é muito difícil eu usar um adjetivo. É justamente por isso, por perceber que tenho dificuldade para usar adjetivos, que fico pensando neles quando escrevo para o blog. Você pode reparar que não disse "como serpentes na areia", mas "como serpentes na areia quente". Eu poderia ter ficado só com "como serpentes na areia", mas achei que a combinação do adjetivo com a metáfora daria um tom mais poético à coisa.
- E deu mesmo...
- Mas por que a gente estava falando disso?
- Você estava dizendo que as pessoas observadoras vêem o mundo de forma diferente.
- Ah, sim! É verdade! A gente vê "ângulos em uma estrela e Deus no infinito"...
- Depois dessa, Rafael, só com uma frase do Jonas mesmo: "Humanos"...